Continuum histórico e normatizações em acervos de arte e datasets
experimentos com inteligência artificial no museu paulista
DOI:
https://doi.org/10.20396/modos.v6i2.8667715Palavras-chave:
Visão computacional, História da arte, Aprendizado de máquinas, Inteligência artificial, Museu paulistaResumo
Este artigo apresenta um conjunto de experimentos no campo da História da Arte com tecnologias de Inteligência Artificial (visão computacional) realizados no âmbito do demonumenta, um projeto de pesquisa e extensão universitária que busca tensionar crítica e criativamente políticas públicas de memória. A partir do entendimento de que datasets (conjuntos de dados organizados) e acervos artísticos são práticas análogas, questionamos como trabalhar nesta intersecção para subverter os pressupostos normativos que caracterizam a organização de coleções de arte, bancos de dados e os discursos que suas ferramentas enunciam. Acreditamos que parte desta resposta está na ativação crítica de acervos públicos para reformular o modo como hoje treinamos as máquinas. Para tanto, elaboramos um dataset, com base nas obras do Museu Paulista da Universidade de São Paulo (USP) disponíveis no seu GLAM (Galleries, Libraries, Archives & Museums) nos projetos Wiki. A sistematização desse dataset foi a base para a realização de cinco experimentos analíticos com algoritmos de Inteligência Artificial. São eles: Naturezas Numéricas, Paisagens Possíveis, Arqueologia das Cores, Álbum Afirmativo e Ignorância Animada. Tais experimentos evidenciam o continuum colonialista que elabora a narrativa histórica a partir de parâmetros e padrões visuais normatizantes.
Downloads
Referências
BARABAS, C. To Build a Better Future, Designers Need to Start Saying ‘No’. In: One Zero. 13 out. 2020. Disponível em: https://onezero.medium.com/refusal-a-beginning-that-starts-with-an-end-2b055bfc14be. Acesso em: 26 nov. 2021.
BEIGUELMAN, G. Políticas da imagem: vigilância e resistência na dadosfera. São Paulo: Ubu Editora, 2021.
BUOLAMWINI, J.; GEBRU, T. Gender shades: Intersectional accuracy disparities in commercial gender classification. In: Conference on fairness, accountability and transparency. PMLR, 2018. p. 77-91. Disponível em: https://proceedings.mlr.press/v81/buolamwini18a.html
CALLON, M. Techno‐economic networks and irreversibility. The Sociological Review, v. 38, n. S1, p. 132-161, 1990. DOI: https://doi.org/10.1111/j.1467-954X.1990.tb03351.x
COULDRY, N.; MEJIAS, U. A. The Costs of Connection: How Data Is Colonizing Human Life and Appropriating It for Capitalism. Stanford: Stanford University, 2019. DOI: https://doi.org/10.1515/9781503609754
CRAWFORD, K.; PAGLEN, T. Excavating AI. Disponível em: https://www.excavating.ai. Acesso em: 23 set. 2020.
CRAWFORD, K. Atlas of Ai: power, politics, and the planetary costs of artificial intelligence. New Haven: Yale University Press, 2021. DOI: https://doi.org/10.12987/9780300252392
DELEUZE, G.; GUATTARI, F. Mil platôs: capitalismo e esquizofrenia. São Paulo: Editora 34, 2000.
DIFALLAH, D.; FILATOVA, E.; IPEIROTIS, P. Demographics and Dynamics of Mechanical Turk Workers. Proceedings of the Eleventh ACM International Conference on Web Search and Data Mining - WSDM ’18.
INTERNATIONAL CONFERENCE. Marina Del Rey, CA, USA: ACM Press, 2018. Disponível em: http://dl.acm.org/citation.cfm?doid=3159652.3159661. Acesso em: 24 set. 2020
FETTER, B. W. Das reconfigurações contemporâneas do(s) sistema(s) da arte. MODOS: Revista de História da Arte, v. 2, n. 3, p. 102-119, 11 set. 2018. DOI: https://doi.org/10.24978/mod.v2i3.1077
FINN, E. What algorithms want: imagination in the age of computing. Cambridge, MA: MIT Press, 2017. DOI: https://doi.org/10.7551/mitpress/9780262035927.001.0001
FOUCAULT, M. As palavras e as coisas. São Paulo: Martins Fontes, 8ª edição. 1999.
HARAWAY, D. Situated Knowledges: The Science Question in Feminism and the Privilege of Partial Perspective. Feminist Studies, v. 14, n. 3, p. 575, 1988. DOI: https://doi.org/10.2307/3178066
IRANI, L. The cultural work of microwork. New Media & Society, v. 17, n. 5, p. 720–739, maio 2015. DOI: https://doi.org/10.1177/1461444813511926
KOUTSOUKOS, S. S. M. Negros no estúdio do fotógrafo: Brasil, segunda metade do século XIX. Campinas, SP, Brasil: Editora Unicamp, 2010.
LATOUR, B. A esperança de Pandora: ensaios sobre a realidade dos estudos científicos. Editora da Universidade do Sagrado Coração, 2001.
LATOUR, B. Jamais fomos modernos. Editora 34, 4a edição, 2019.
LATOUR, B. On technical mediation. Common knowledge, v. 3, n. 2, 1994.
LIMA, S. F. DE; CARVALHO, V. C. DE. São Paulo Antigo, uma encomenda da modernidade: as fotografias de Militão nas pinturas do Museu Paulista. Anais do Museu Paulista: História e Cultura Material, v. 1, n. 1, p. 147-178, 1993. DOI: https://doi.org/10.1590/S0101-47141993000100012
LOBATO, P. Modos de ler, Modos de Desaprender – Os Livros e o Ensino de Arquitetura no Brasil. Dissertação de Mestrado, Escola de Arquitetura, UFMG. Belo Horizonte, 227 p., publicação prevista para 2021.
MINTZ, A. et al. Interrogating Vision APIs. Relatório do Smart Data Sprint. disponível em https://smart. inovamedialab. org/smart-2019/project-reports/interrogating-vision-apis, 2019.
MORESCHI, B. et al. The History of _rt, 2017. Disponível em: https://brunomoreschi.com/Historyof_rt.
NOBLE, S. U. Algorithms of oppression: how search engines reinforce racism. New York: New York University Press, 2018. DOI: https://doi.org/10.2307/j.ctt1pwt9w5
O’DOHERTY, B. No interior do cubo branco: a ideologia do espaço da arte. São Paulo: Martins Fontes, 2002.
O’NEIL, C. Weapons of math destruction: how big data increases inequality and threatens democracy. First edition ed. New York: Crown, 2016.
PARKER, R.; POLLOCK, G. Old mistresses: women, art and ideology. New edition ed. London: I.B. Tauris, 2013.
PASQUINELLI, M.; JOLER, V. The Nooscope Manifested: AI as Instrument of Knowledge Extractivism. Disponível em: http://nooscope.ai/. Acesso em: 20 set. 2020. DOI: https://doi.org/10.1007/s00146-020-01097-6
PEREIRA, G. Towards Refusing as a Critical Technical Practice: Struggling With Hegemonic Computer Vision. A Peer-Reviewed Journal About, v. 10, n. 1, p. 30-43, 13 ago. 2021. DOI: https://doi.org/10.7146/aprja.v10i1.128185
QUIJANO, A. Ensayos en torno a la colonialidad del poder. 1a ed ed. Buenos Aires, Argentina: Ediciones del Signo, 2019.
RICAURTE, P. Data Epistemologies, The Coloniality of Power, and Resistance. Television & New Media, v. 20, n. 4, p. 350-365, maio 2019. DOI: https://doi.org/10.1177/1527476419831640
TURING, A. M. I.—Computing Machinery and Intelligence. Mind, v. LIX, n. 236, p. 433–460, 1 out. 1950. DOI: https://doi.org/10.1093/mind/LIX.236.433
WHOSE KNOWLEDGE. Re-imagining and re-designing the internet to be for and by us all. Report. 01 jan. 2021. Disponível em: https://whoseknowledge.org/wp-content/uploads/2021/04/WK-Prospectus-2021.pdf. Acesso em 26 nov. 2021.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2022 Bruno Moreschi, Amanda Jurno, Giselle Beiguelman

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.
-
Atribuição — Você deve dar o crédito adequado,fornecer um link para a licença e indicar se foram feitas alterações. Você pode fazê-lo de qualquer maneira razoável, mas não de forma alguma que sugira que o licenciador endossa você ou seu uso.
-
Não Derivados — Se você remixar, transformar ou construir sobre o material, você não poderá distribuir o material modificado.
- Sem restrições adicionais — Você não pode aplicar termos legais ou medidas tecnológicas que restrinjam legalmente outros de fazer qualquer coisa que a licença permita.