Implodindo a colonialidade
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Palavras-chave

Legitimação
Arte contemporânea
Produção científica
Brasil
Critica de arte negroreferenciada

Como Citar

MARCONDES, Guilherme. Implodindo a colonialidade: a produção científica de artistas negras na/da arte contemporânea brasileira. MODOS: Revista de História da Arte, Campinas, SP, v. 6, n. 2, p. 147–177, 2022. DOI: 10.20396/modos.v6i2.8668411. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/mod/article/view/8668411. Acesso em: 19 abr. 2024.

Resumo

Se outrora a Academia chegou a ser rejeitada por atores sociais relacionados à constituição do modernismo, após o advento da arte contemporânea, a universidade tem sido um espaço importante aos processos de legitimação de artistas e demais profissionais da arte. Em pesquisa anterior, pode-se constatar que artistas visuais que têm logrado ser selecionados(as/es) em editais voltados a jovens artistas, em geral, possuem um alto grau de escolaridade. Ademais, é nas últimas décadas que, no Brasil, a população negra tem obtido maior entrada no âmbito universitário; um reflexo de políticas públicas que visaram estabelecer equidade para indivíduos pertencentes as camadas marginalizadas de uma sociedade profundamente desigual. Destarte, este artigo focaliza a produção acadêmica de artistas negras brasileiras, por meio da análise de suas teses. Isto porque a pesquisa parte do entendimento de que o universo da arte, sendo parte da sociedade, possui regras tanto inclusivas quanto excludentes, favorecendo a legitimação de alguns indivíduos em detrimento de outros. A pesquisa objetiva, então, compreender os efeitos de tais processos na legitimação de artistas negrodescendentes. Ao focalizar a produção acadêmica de três artistas, Janaina Barros, Maria Cecília Felix Calaça e Renata Felinto, objetiva-se compreender e pormenorizar as suas narrativas acerca de seus trabalhos, o campo da arte e a sociedade envolvente.

https://doi.org/10.20396/modos.v6i2.8668411
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