Resumo
Este ensaio desdobra pesquisas iniciadas há mais de duas décadas e, posteriormente, publicadas (Castillo: 2008, 2014, 2021), que resultaram na ideia de arte como lugar e exposição, como meio. Sua abordagem responde tanto ao processo de espetacularização social e/ou às políticas culturais que promovem uma aceleração entre o ver e o exibir, estimulando mises en scène expográficas; quanto (e sobretudo) a experimentações artísticas relacionadas a poéticas espaçotemporais que, ao investirem no espaço concreto da vida, tomam o meio expositivo como estrutura ceno-visual. Enquanto concepções e práticas expositivas tradicionais estão fundamentadas no par espaçotemporal em fluxo percepção/leitura, poéticas processuais e/ou improvisacionais se estruturam no par em fluxo percepção/sensação, sugerindo instabilidade ao lugar expositivo. Se poéticas do espaço romperam modelos expográficos convencionais, as performáticas tornaram-nos estruturas nômades. Percebemos uma estrutura ceno-visual potencializada no campo corpográfico, dado a sua transversalidade movente – tanto arquitetônica quanto política – implicada em relações conviviais não apenas intrínsecas às questões da arte que nos estimulam à reflexão.
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