Resumo
As planícies aluvionares são ecossistemas situados próximos ao nível de base de cursos de água, onde vários ambientes se inter-relacionam. Elas são consideradas áreas de descarga do escoamento básico de rios, e resultados de processos de assoreamento de sedimentos e erosão do rio ao longo do Quaternário, e compreendem um sistema complexo e dinâmico, seja em relação às suas características físicas como biológicas. A ocupação urbana e periurbana nestes locais, classificam-nas como áreas de risco hidrológico, uma vez que cheias sazonais ou chuvas extremas impactam a comunidade residente. A planície do rio Atibaia é uma extensa área limítrofe com os municípios de Campinas, Jaguariúna e Paulínia situada na transição entre a Depressão Periférica e o Planalto Atlântico. Trata-se de uma área de cerca de 34 km2, onde o rio Atibaia corre encaixado nas fraturas e falhas do embasamento cristalino. A planície forma uma pequena bacia sedimentar, decorrente do afunilamento da calha por diabásios a jusante, e a montante por rochas gnáissicas. Ela apresenta dois terraços representativos de fases de formação da planície, paleomeandros e paleocanais, antigas barras de pontal e diques marginais. Pequenas elevações são encontradas ao longo das margens do rio e migrações de meandros recentes de sentido noroeste e sudeste foram registradas, uma vez que o rio se encontra meandrante nesta parte de seu curso. Os campos úmidos e bacias de decantação representam área com níveis aflorantes do aquífero freático, e áreas de baixios (na região mais baixa da planície) onde a água se acumula e escoa.
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