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Avaliação formativa: autorregulação e controle da textualização
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Palavras-chave

Avaliação. Interacionismo sociodiscursivo. Capacidades linguageiras

Como Citar

GONÇALVES, Adair Vieira. Avaliação formativa: autorregulação e controle da textualização. Trabalhos em Linguística Aplicada, Campinas, SP, v. 49, n. 1, p. 241–257, 2016. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/tla/article/view/8645302. Acesso em: 27 abr. 2024.

Resumo

A revisão crítica dos procedimentos de avaliação deve constituir uma instância destinada a melhorar a qualidade das aprendizagens que ocorrem na interação de um professor com seus alunos, centrando-se fundamentalmente em suas capacidades, competências, interesses e aptidões, o que faz dessa avaliação uma parte integral e natural da aprendizagem. A avaliação como um processo integrado à aprendizagem alia-se às perspectivas da pesquisa-ação, o que implica entender o ensino como um processo contínuo, em espiral, de ação-observação-reflexão-nova ação, perspectiva que considera a interação humana e a intervenção social presente em todos os processos formativos como processos de busca permanente e de construção coletiva. Considerando que, em relação à linguagem, aprender a ler e a produzir textos demanda aprendizagem de operações linguageiras necessárias para o desenvolvimento de capacidades de linguagem (DOLZ & BRONCKART, 2002), o presente artigo procura contribuir para mudar a atual cultura avaliativa mediante uma proposta de avaliação formativa (PERRENOUD,1999), na qual o processo de mediação e de formação propicie a mobilização de capacidades de ação, discursivas e linguístico-discursivas (SCHNEUWLY & DOLZ, 2004) dos aprendizes e, dessa forma, possa ser apreendido pelo professor e reconhecido pelo aluno. Assim, toma-se o conceito de capacidade para diagnosticar e monitorar as dificuldades e obstáculos à aprendizagem. A partir daí, o olhar investigativo, a prática reflexiva e os registros do professor guiam o processo de evolução do aluno e a constituição de objetivos de ensino para propiciar aprendizagem da leitura, compreensão, interpretação, produção e transposição para outras situações de comunicação que vão além daquelas enfocadas na sala de aula. Aponta-se a utilização da ficha de avaliação (DOLZ, GAGNON, TOULOU, 2008) como instrumento de mediação entre o processo de avaliação formativa e os processos de reflexão e refacção individual, entre os pares e coletiva da produção escrita, a partir dos objetos apontados sobre um gênero textual.

ABSTRACT:

The critical review of assessment procedures must constitute a practice aimed at improving the quality of learning which occurs within the interaction of professors and their students. For doing so, such a practice should focus on the students' skills, interests and aptitudes, turning the assessment process into a natural and integrating part of the whole learning system. So, when the assessment aspect is linked to learning, the perspective of action-research happens and it implies the understanding of teaching like a continuous process, like in a circle, based on 'action-observation-reflection-new action'. This is a perspective that considers the presence of human interaction and social intervention in all formative processes, for instance, the processes of constant search and collective construction. Considering that, when the subject is related to language, learning to read and to write texts demand the students´s skills connected to language (DOLZ and BRONCKART, 2002). Thus, this essay deals with some contributions to change the current assessement culture through a proposal of formative assessment (PERRENOUD, 1999), by which the process of mediation and formation is in favor of action skills development as well as discursive and linguistic-discursive chunks (DOLZ and SCHNEUWLY, 2004) of learning could be apprehended by the teacher and recognized by the student. Therefore, the concept of capacity is taken into account to monitor the difficulties and obstacles of learning as a whole. Parting from it, the investigative study, the reflexive practice and the registers of the professor guide the process of assessment and the constitution of goals in teaching to benefit learning of reading, understanding, interpreting, producing and transposing to other situations of communication that go beyond those that were focused on the classroom. Finally, we suggest the use of an assessment scale (DOLZ, GAGNON, TOULOU, 2008) as an instrument of mediation between the process of formative assessment and the processes of reflection and individual reflection, among pairs and collective writing production and also from the objects pointed on a textual genre.

Keywords: assessment; social discursive interacionism; language skills

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