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Tradução e interpretação educacional de libras-língua portuguesa no ensino superior
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Como Citar

ANDRADE GOMES, Eduardo; NAVE VALADÃO, Michelle. Tradução e interpretação educacional de libras-língua portuguesa no ensino superior: desdobramentos de uma atuação . Trabalhos em Linguística Aplicada, Campinas, SP, v. 59, n. 1, p. 601–622, 2020. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/tla/article/view/8655944. Acesso em: 27 abr. 2024.

Resumo

O Tradutor e intérprete de Língua Brasileira de Sinais-Língua Portuguesa - TILSP que atua em sala de aula apresenta atribuições que não se restringem à mediação comunicativa entre as línguas, mas abarcam a promoção de interações discursivas entre surdos e ouvintes que levam à construção de sentidos e, por conseguinte, à produção do conhecimento. Para isso, ele precisa conhecer o perfil do estudante com quem irá atuar e, então, selecionar métodos e estratégias linguísticas, interpretativas e tradutórias condizentes com o aprendiz. Também necessita estabelecer uma relação de parceria com os professores, objetivando adequações linguísticas aos diversos campos do conhecimento. Diante disso, realizamos uma pesquisa que visou refletir sobre a atuação de um TILSP na perspectiva da educação superior, discutindo questões que vão além da proficiência linguística e envolvem também estratégias de atuação do profissional para lidar com estudantes surdos. Os resultados demonstraram que devido às particularidades dos cursos e às diferenças linguísticas entre os surdos, o TILSP tende, por exemplo, a expandir a interpretação, acrescentando termos que, a princípio, não estariam no discurso fonte e a intensificar o uso de classificadores para que a mensagem seja melhor compreendida. Trazer à tona essas questões contribui para que revisitemos a multiplicidade do universo da tradução e da interpretação em relação às possíveis estratégias de atuação a serem utilizadas, além das nuances da educação de surdos em ambientes de ensino superior inclusivos.

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