Banner Portal
Letramentos literários e translinguagem entre as ruas e as escolas do Sul Global
PDF

Palavras-chave

Letramentos literários
Slam Interescolar
Translinguagem
Práticas enativo-performativas
Decolonialidade

Como Citar

ABREU, Marcella dos Santos; ROCHA, Cláudia Hilsdorf; MACIEL, Ruberval Franco. Letramentos literários e translinguagem entre as ruas e as escolas do Sul Global: o Slam Interescolar como prática enativo-performativa decolonial . Trabalhos em Linguística Aplicada, Campinas, SP, v. 60, n. 3, p. 626–644, 2021. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/tla/article/view/8666350. Acesso em: 19 abr. 2024.

Resumo

Neste artigo, pretendemos visibilizar os slams vivenciados “das ruas para as escolas, das escolas para as ruas” como letramentos literários que promovem, entre as juventudes do Sul Global, espaços translíngues potencialmente criativos, críticos e transformativos. Partindo do grito de luta do projeto Slam Interescolar SP, destacamos os antecedentes e a trajetória da iniciativa organizada, desde 2015, pelo coletivo paulistano Slam da Guilhermina. Posteriormente, exploramos entendimentos sobre translinguagem e decolonialidade, lentes pelas quais vemos emergir as sensibilidades de mundo que desafiam práticas monoglóssicas e narrativas hegemônicas em batalhas poéticas travadas desde o chão das escolas. Identificamos tais subversões na análise do poema Gé putáre tenetehára, da então estudante de Ensino Médio Franciele Evangelista Apolinário, durante a etapa final do projeto Slam Interescolar SP 2020 – edição online. Destacamos os aspectos poético-literários, aos quais aproximamos dimensões da abordagem translíngue enativo-performativa, para apontarmos a potência de linguagens, histórias e culturas como experiências estéticas transformadoras dos slams inseridos no contexto escolar paulista. Por fim, consideramos que essas vivências podem potencializar a presença de gretas e semeaduras das quais emergem gritos de resistência entre os jovens slammers desse território.

 

PDF

Referências

AÇÃO EDUCATIVA (2020). Slam e educação. Encontro Estética das Periferias. (58 minutos). Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=OY8i-vkyRQs> Acesso em: 16 abr 2021.

ADEN, J.; ESCHENAUER, S. (2020). Translanguaging: An Enactive-Performative Approach to Language Education. In: MOORE, E.; BRADLEY, J.; SIMPSON, J. (ed.). Translanguaging as Transformation: The Collaborative Construction of New Linguistic Realities. Bristol; Blue Ridge Summit: Multilingual Matters. p. 102-117. DOI: https://doi.org/10.21832/9781788928052-011

APPADURAI, A. (2015). Mediants, materiality, normativity, Public Culture, v. 27, n. 2, p. 221–237.

ASSUNÇÃO, C. A.; JESUS, E. A.; SANTOS, U. (2021). Das ruas para as escolas, das escolas para as ruas: Slam Interescolar. São Paulo: LiteraRua.

BAKHTIN, M. (1975). Teoria do romance I. A estilística / Mikhail Bakhtin. Tradução, prefácio, notas e glossário de Paulo Bezerra. Organização da edição russa de Serguei Botcharov e Vadim Kójinov. São Paulo: Editora 34, 2015.

BAKHTIN, M. (1979). Estética da criação verbal. Trad. Paulo Bezerra. São Paulo: WMF/Martins Fontes, 2010.

BAKHTIN, M. M. (2009). Para uma filosofia do ato responsável. São Carlos: Pedro e João, 2017.

BAILEY, B. (2012). Heteroglossia. In: MARTIN JONES, M.; BLACKLEDGE, A.; CREESE, A. (eds.). The Routledge Book of Multilingualism. London: Routledge. p. 499-507.

BEZERRA, P. (2015). Breve glossário de alguns conceitos-chave. In: BAKHTIN, Mikhail. Teoria do romance I. A estilística / Mikhail Bakhtin. Tradução, prefácio, notas e glossário de Paulo Bezerra. Organização da edição russa de Serguei Botcharov e Vadim Kójinov. São Paulo: Editora 34. p. 243-249.

BLACKLEDGE, A.; CREESE, A. (2017). Translanguaging and the body, International Journal of Multilingualism, v. 14, n. 3, p. 250–268. https://doi.org/10.1080/14790718.2017.1315809

BLOMMAERT, J.; RAMPTON, B. (2011). Language and superdiversity. Diversities, v.13, n.2. Disponível em: <http://www.unesco.org/shs/diversities/vol13/issue2/art1>. Acesso em: 17 jul 2018.

BUSCH, B. (2012). The Linguistic Repertoire Revisited. Applied Linguistics, v. 33, n. 5, p. 503-523. Disponível em: https://www.heteroglossia.net/fileadmin/user_upload/publication/2012-Busch-Applied_Ling.pdf . Acesso em 15 jun. 2021.

CANAGARAJAH, S. (2017). Translingual practices and neoliberal policies: attitudes and strategies of African skilled migrants in Anglophone workplaces. New York: Springer.

CANAGARAJAH, S. (2013). Translingual Practice: Global Englishes and Cosmopolitan Relations. London/New York: Routledge.

CANAGARAJAH, S.; DOVCHIN, S. (2019). The everyday politics of translingualism as resistance practice. International Journal of Multilingualism, p. 1-18. Disponível em: <https://doi.org/10.1080/14790718.2019.1575833>. Acesso em: 10 nov. 2019.

CELANI, M.A.A. (1992). Afinal o que é Linguística Aplicada? In: Paschoal, M.S.Z., Cela- ni, M.A.A. (orgs.), Linguística Aplicada: da aplicação da linguística à linguística transdisciplinar. São Paulo: EDUC.

ESCOBAR, A. (2014). Sentipensar con la tierra: nuevas lecturas sobre desarrollo, territorio y diferencia. Medellín: Universidad Autónoma Latinoamericana UNAULA.

EVARISTO, C. (2019). Prefácio. In: Querem nos calar: poemas para serem lidos em voz alta. [recurso eletrônico]. São Paulo: Planeta do Brasil.

FABRÍCIO, B.F. (2006). Linguística Aplicada como espaço de desaprendizagem: redes- crições em curso. In: Moita Lopes, L.P. (org.), Por uma Linguística Aplicada INdisciplinar. São Paulo: Parábola..

FISCHER-LICHTE, E. (2004). Ästhetik des Performativen. Frankfurt-am-Main: Fischer-Verlag.

FREIRE, P. (1992). Pedagogia da esperança: um reencontro com a pedagogia do oprimido. 21. ed. Rio de Janeiro; São Paulo: Paz e Terra, 2018.

FREIRE, M. (2020). Linguistica Aplicada, complexidade e transdisciplinaridade: tecendo redes de sentido e articulando saberes, Educação & Linguagem , v. 23, n. 1, p. 245-261. GARCÍA, O. (2009). Bilingual education in the 21st century: A global perspective. Oxford: Wiley-Blackwell.

GARCÍA, O. (2020a). Foreword: co-labor and re-performances. In: MOORE, Emilee; BRADLEY, Jessica; SIMPSON, James (Eds.). Translanguaging as transformation: the collaborative construction of new linguistic realities. Bristol: Multilingual Matteres, p. xvii-xxii.

GARCÍA, O. (2020b). The education of Latinxs bilingual children in times of isolation: unlearning and relearning, Minne TESOL Journal, v., n.1, s/p.

GARCÍA, O.; ALVIS, J. (2019). The Decoloniality of Language and Translanguaging: Latinx knowledge-production. In: Journal of Postcolonial Linguistics, v. 1, 26–40. Disponível em: <https://iacpl.net/journal-of-postcolonial-linguistics-12019/the-decoloniality-of-language-and-translanguaging-latinx-knowledge-production/> Acesso em: 15 out. 2020.

GARCÍ A, O.; LI WEI. (2014). Translanguaging: language, bilingualism, and education. London: Palgrave Macmillan.

GUMPERZ, J. J. (1964). Linguistic and social inter-action in two communities, American Anthropologist, v. 66, n. 6/2, p. 137–53.

HAN, B-C. (2021). Favor fechar os olhos: em busca de outro tempo. Petrópolis-RJ: Vozes.

HELLER, M. (2007). Bilingualism: a social approach. Basingstoke: Palgrave.

HELLER, M. (2011). Paths to post-nationalism. A critical ethnography of Language and identity. New York: Osford University Press.

JESUS, E. A. De Belleville ao Romano: o Slam da Guilhermina vai às escolas. In: Das ruas para as escolas, das escolas para as ruas: Slam Interescolar. São Paulo: LiteraRua, p. 14-17.

JUFFERMANS, K. (2011). The old man and the letter: repertoires of literacy and languaging in a modern multiethnic gambian village, Compare, v. 42, n. 2, p. 165-179.

KEATING, A. (2007). Teaching transformation: transcultural classroom dialogues. New York: Palgrave/Macmillan.

KILOMBA, G. (2008). Memórias da plantação: episódios de racismo cotidiano. Rio de Janeiro: Cobogó, 2019.

KOHAN, W. (2019). Paulo Freire, mais do que nunca: uma biografia filosófica. Belo Horizonte, 2019.

KRAYNAK, J.; SMITH, K. (2009). Stage a Poetry Slam: Creating Performance Poetry Events-Insider Tips, Backstage Advice, and Lots of Examples (A Poetry Speaks Experience Book. Illinois: Sourcebooks.

KRENAK, A. (2020). O amanhã não está à venda. São Paulo: Companhia das Letras.

LIBERALI, F. C. (2020). Construir o inédito viável em meio à crise do coronavírus – Lições que aprendemos, vivemos e propomos. In: LIBERALI, F. C.; FUGA, V. P.; DIEGUES, U. C. C.; CARVALHO, M. P. (orgs.). Brincando em tempos de pandemia: brincando com um mundo possível. Campinas: Pontes. p. 13-21.

LI WEI (2011). Moment analysis and translanguaging space: discursive construction of identities by multilingual Chinese youth in Britain. Journal of Pragmatics, n. 43, p. 1222- 1235.

LI WEI. (2018). Translanguaging as a Practical Theory of Language. Applied Linguistics, vol. 39, n.1, p. 9-3.

MAKONI, S.; PENNYCOOK, A. (eds.). (2007). Disinventing and Reconstituting Languages. Clevedon: Multilingual Matters, 2007.

MALDONADO-TORRES, N. (2018). Analítica da colonialidade e da decolonialidade: algumas dimensões básicas. In: BERNARDINO-COSTA, J.; MALDONATO-TORRES, N.; GROSFOGUEL, R. (Orgs.). Decolonialidade e pensamento afrodiaspórico. Belo Horizonte: Autêntica, p. 27-54.

MIGNOLO, W. (2000). Global Histories/Local Designs. Coloniality, Subaltern Knowledges and Border Thinking. New Jersey; Princeton University Press.

MATURANA, H.; VARELA, F. (1998). The three of knowledge. The biological roots of Human understanding. Boston/London: Shambhala.

MAZZAFERRO, G. (2018). Translanguaging as everyday practice. An introduction. In: Mazzaferro, Gerardo (ed.). Translanguaging as everyday practice. New York: Cham: Springer.

McKINNEY, C. (2017). Language and Power in Post-Colonial Schooling: Ideologies in Practice. London/New York: Routledge.

MEGALE, A.; LIBERALI, F. C. (2020). As implicações do conceito de patrimônio vivencial como uma alternativa para a educação multilíngue, Revista X, v.15, n.1, p. 55-74. Disponível em: <https://revistas.ufpr.br/revistax/article/view/69979/40692>. Acesso em 03 de nov. 2020.

MENEZES DE SOUZA, L. M. T.; MARTINEZ, J. Z.; DINIZ DE FIGUEIREDO, E. H. (2019). Eu só posso me responsabilizar pelas minhas leituras, não pelas teorias que eu cito: entrevista com Lynn Mario Trindade Menezes de Souza (USP), Revista X, v. 14, n. 5, p. 5-21. Disponível em: https://revistas.ufpr.br/revistax/article/view/69230 . Acesso em 25 jun. 2021.

MIGNOLO, W. (2017). Desafios decoloniais hoje. Epistemologias do Sul, Foz do Iguaçu/PR, v. 1, n. 1, p. 12-32, 2017.

MIGNOLO, W. (2000). Local Histories/Global Designs: Essays on the Coloniality of Power, Subaltern Knowledges and Border Thinking. Princeton: Princeton University Press.

MOITA LOPES, L. P. (2006). Por uma linguística aplicada indisciplinar. São Paulo: Parábola.

MOITA LOPES, L.P. (2010). Da aplicação da Linguística à Linguística Aplicada INdisciplinar. Disponível em: https://ufscdeutsch2010.files.wordpress.com/2010/10/nps156.pdf Acesso em: 21 Out 2021.

NASCIMENTO, E. A. (2018). O corpo deslizando sentidos: arte, protesto e discurso nas fronteiras com o social a partir das obras de Halter. In: OSORIO, E. M. R.; DI CAMARGO JR, I. (org.). Mikail Bakhtin: a arte como resposta responsável. São Carlos: Pedro e João Editores, p. 53-78.

NEVES, C. A. B. (2021a). Letramentos literários em travessia na Linguística Aplicada: ensino transgressor e aprendizagem subjetiva da literatura. In: LIMA, E. Linguística aplicada na Unicamp : travessias e perspectivas [livro eletrônico] / organização Érica Lima. – 1.ed. – Bauru, SP : Canal 6.

NEVES, C. A. B. (2021b). Poemar é preciso porque somos poesistência. In: Das ruas para as escolas, das escolas para as ruas: Slam Interescolar. São Paulo: LiteraRua, p. 8-11.

NORONHA, R. Surge et ambula. In: MENDONÇA, F. Literatura moçambicana: as dobras da escrita. Maputo: Ndjira, 2008, p. 144

PENNYCOOK, A. (2006). Uma Linguística Aplicada transgressiva. In: Moita Lopes, L.P. (org.), Por uma Linguística Aplicada INdisciplinar. São Paulo: Parábola..

PENNYCOOK, A (2017). Translanguaging and semiotic assemblages. International Journal of Multilingualism, v. 14, n. 3, p. 269-282. Available at: <https://doi.org/10.1080/ 14790718.2017.1315810>. Access on: 15 Jan. 2020.

PEIRCE, C. (1955). Collected papers II. Philosophical writing of Peirce. New York: Dover.

POZA, L. (2017). Translanguaging: Definitions, implications, and further needs in burgeoning inquiry, Berkley Review of Education, v. 6, n. 2, p. 101-128. Disponível em: https://escholarship.org/uc/item/8k26h2tp. Access on: 10 nov. 2020.

PONZIO, A. A concepção bakhtiniano do ato como dar um passo. In: BAKHTIN, M. M. (2009). Para uma filosofia do ato responsável. São Carlos: Pedro e João, 2017. p. 9-38.

ROCHA, C. H., MACIEL, R. F. (2015). Ensino de língua estrangeira como prática translíngue: articulações com teorias bakhtinianas. D.E.L.T.A., 31 (2), 411-445. DOI: https://doi.org/10.1590/0102-4450437081883001191.

ROJO, R. Letramentos múltiplos, escola e inclusão social. São Paulo: Parábola, 2009.

SANTOS, B. S. (2007). Para além do pensamento abissal: das linhas globais a uma ecologia de saberes. Revista Novos Estudos CEBRAP, São Paulo, n. 79, p. 71- 94.

SAMPAIO, M. C. H. (2019). A linguagem como experiência pensante e ensino: diálogos entre M. Bakhtin e M. Heidegger. In: BRAIT, B.; PISTORI, M. H. C.; FRANCELINO, P. F. (orgs.). Linguagem e conhecimento (Bakhtin, Volóchinov, Medviédev). Campinas: Pontes. p. 293-320.

SEVERO, S.; ABDELHAY, A.; MAKONI, S. (2020). Translanguaging in the Global South, Scrutiny2, v. 2, n. 1, p. 104-109. DOI: 10.1080/18125441.2020.1851014

SILVERSTEIN, M. (2003). Indexical order and the dialectics of sociolinguistic life, Language and Communication, n. 23, p. 193-229.

SLAM DA GUILHERMINA (2020). Final Slam Interescolar - Ensino Médio. Slam Interescolar SP. (3:06). Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=LdTTnbFvdqw Acesso em: 13 jul. 2021.

SOARES, E. V.; ALVES, A. A. Literatura e materialismo cultural: uma proposta de análise . Sociedade e Estado [online]. 2015, v. 30, n. 02 [Acessado 14 Julho 2021], pp. 371-388. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S0102-699220150002000006>. ISSN 0102-6992. https://doi.org/10.1590/S0102-699220150002000006.

SOBRAL, A. (2019). A filoosfia primeira de Bakhtin: Roteiro de leitura comentado. Campinas: Mercado de Letras.

SOUZA, A. L. S. (2016). Letramentos de Reexistência - Poesia, grafite, música, dança: Hip Hop. São Paulo: Parábola.

VARELA, F. (1999) Quatre phares pour l’avenir des sciences cognitives. Revue Théorie Littérature Enseignement 17, 7-21.

VOLÓCHINOV, V. (1929). Marxismo e filosofia da linguagem: problemas fundamentais do método sociológico na ciência da linguagem. Tradução de Sheila Grillo e Ekaterina Vólkova Américo. São Paulo: Editora 34, 2017.

WALSH, C. (2019). Gritos, gretas e semeaduras de vida: entreteceres do pedagógico e do colonial. In: Entre-linhas: educação, fenomenologia e insurgência popular / Sueli Ribeiro Mota Souza, Luciano Costa Santos, organizadores. - Salvador: EDUFBA, p. 93-120.

ZEGADA C., M. T. 2018. Bolívia: a democracia intercultural como síntese das diferenças. In: SANTOS, Boaventura de Sousa; MENDES, José Manuel (Orgs.). Demodiversidade: imaginar novas possibilidades democráticas. Belo Horizonte: Autêntica. p 459-480.

ZUMTHOR, P. (1990). Performance, recepção, leitura (2007). Trad. Jerusa Pires Ferreira e Suely Fenerich. [recurso eletrônico]. São Paulo: Ubu Editora, 2018.

Creative Commons License
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.

Copyright (c) 2021 Trabalhos em Linguística Aplicada

Downloads

Não há dados estatísticos.