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Letramentos literários e translinguagem entre as ruas e as escolas do Sul Global
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Palavras-chave

Letramentos literários
Slam Interescolar
Translinguagem
Práticas enativo-performativas
Decolonialidade

Como Citar

ABREU, Marcella dos Santos; ROCHA, Cláudia Hilsdorf; MACIEL, Ruberval Franco. Letramentos literários e translinguagem entre as ruas e as escolas do Sul Global: o Slam Interescolar como prática enativo-performativa decolonial . Trabalhos em Linguística Aplicada, Campinas, SP, v. 60, n. 3, p. 626–644, 2021. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/tla/article/view/8666350. Acesso em: 13 dez. 2024.

Resumo

Neste artigo, pretendemos visibilizar os slams vivenciados “das ruas para as escolas, das escolas para as ruas” como letramentos literários que promovem, entre as juventudes do Sul Global, espaços translíngues potencialmente criativos, críticos e transformativos. Partindo do grito de luta do projeto Slam Interescolar SP, destacamos os antecedentes e a trajetória da iniciativa organizada, desde 2015, pelo coletivo paulistano Slam da Guilhermina. Posteriormente, exploramos entendimentos sobre translinguagem e decolonialidade, lentes pelas quais vemos emergir as sensibilidades de mundo que desafiam práticas monoglóssicas e narrativas hegemônicas em batalhas poéticas travadas desde o chão das escolas. Identificamos tais subversões na análise do poema Gé putáre tenetehára, da então estudante de Ensino Médio Franciele Evangelista Apolinário, durante a etapa final do projeto Slam Interescolar SP 2020 – edição online. Destacamos os aspectos poético-literários, aos quais aproximamos dimensões da abordagem translíngue enativo-performativa, para apontarmos a potência de linguagens, histórias e culturas como experiências estéticas transformadoras dos slams inseridos no contexto escolar paulista. Por fim, consideramos que essas vivências podem potencializar a presença de gretas e semeaduras das quais emergem gritos de resistência entre os jovens slammers desse território.

 

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