Banner Portal
Entre o tecnológico e o humanamente possível
PDF

Palavras-chave

Análise da conversa
Referenciação
Ensino remoto
Ensino presencial
COVID-19

Como Citar

ANDRIOLI, Fernanda; OSTERMANN, Ana Cristina; OHLWEILER, Marina Kirsch. Entre o tecnológico e o humanamente possível: uma análise comparativa multimodal da referenciação nos meios remoto e copresencial de ensino e aprendizagem. Trabalhos em Linguística Aplicada, Campinas, SP, v. 62, n. 1, p. 16–33, 2023. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/tla/article/view/8670879. Acesso em: 27 abr. 2024.

Resumo

A crise mundial da COVID-19 modificou a condução das atividades educacionais com a emergência de diversos espaços de ensino-aprendizagem organizados em ambientes virtuais. É nesse cenário que este estudo se insere, ao investigar, comparativamente, nas modalidades de ensino remoto e presencial, uma prática recorrente no contexto pedagógico: a referenciação de objetos – como uma tabela em um livro, um documento, ou um objeto não digital. Analisamos como docentes e aprendizes realizam interacionalmente essa prática, descrevendo os recursos multimodais por eles/as empregados e refletindo sobre as potencialidades e os desafios envolvidos nas duas modalidades de ensino. Para investigar as minúcias dessa prática no “aqui-e-agora” interacional do ambiente escolar, empregamos os pressupostos teórico-metodológicos da Análise da Conversa Multimodal (SACKS, 1992; MONDADA, 2014), a partir de gravações em áudio e vídeo de aulas remotas e presenciais. Os resultados evidenciam que, embora vários dos recursos empregados pelas professoras na referenciação sejam comuns a ambas as modalidades de ensino, em função das contingências impostas por cada modalidade, eles são empregados por diferentes meios. Há, contudo, diferenças cruciais e com repercussões importantes. Por exemplo, a modalidade de copresença física caracteriza-se por um contexto em que os/as aprendizes e seus respectivos objetos estão visualmente acessíveis ao/à professor/a, possibilitando seu monitoramento e, consequentemente, assegurando a completude do processo de referenciação, o que (ainda) não é possível na modalidade remota. Ademais, na modalidade remota, os/as aprendizes também precisam lidar com contingências específicas da não copresença física ao iniciarem a referenciação a algum objeto, especialmente quando é preciso sincronizar as ações para mobilizar a atenção conjunta. Assim, mostramos como essas e outras contingências implicam em esforços interacionais (frequentemente herculanos) dos/as participantes para tornar possível o processo de ensino e aprendizagem.

PDF

Referências

BALAMAN, U.; PEKAREK DOEHLER, S. (2022). Navigating the complex social ecology of screen-based activity in video-mediated interaction. Pragmatics, v. 32, n. 1, p. 54-79. DOI: https://doi.org/10.1075/prag.20023.bal .

COLINA, V. (2021). Citizen Experience Design for Digital Transformation. Inter American Development Bank. Dispoível em: https://publications.iadb.org/publications/english/document/Citizen-Experience-Design-for-Digital-Transformation.pdf . Acesso em: 28 jul. 2022.

DE STEFANI, E. (2014). Establishing joint orientation towards commercial objects in a self-service store: how practices of categorisation matter. In: Nevile, M.; Haddington, P.; Heinemann, T.; Rauniomaa, M. (eds.), Interacting with objects: language, materiality, and social activity. Amsterdam: John Benjamins, p. 271-294. DOI: https://doi.org/10.1075/z.186.12ste .

GUICHON, N.; WIGHAM, C. R. (2016). A semiotic perspective on webconferencing supported language teaching. ReCALL, n. 28, v. 1, n. 28, p. 62-82.

IBGE - INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. (2021). Síntese de indicadores sociais: uma análise das condições de vida da população brasileira 2021. Rio de Janeiro: IBGE 2021. Disponível em: <https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101892.pdf . Acesso em: 28 jul. 2022.

JAKONEN, T.; DOOLY, M.; BALAMAN, U. (2022). Interactional practices in technology-rich L2 environments in and beyond the physical borders of the classroom. Classroom Discourse, v. 13, n. 2, p. 111-118. DOI: https://doi.org/10.1080/19463014.2022.2063547 .

JEFFERSON, G. (2004). Glossary of transcript symbols with an introduction. In: Lerner, G. H. (ed.), Conversation analysis: Studies from the first generation. Amsterdam: John Benjemins, p. 13-31.

KIDWELL, M.; ZIMMERMAN, D. H. (2007). Joint attention as action. Journal of Pragmatics, v. 39, p. 592-611. DOI: https://doi.org/10.1016/j.pragma.2006.07.012 .

KONRAD, P. G.; OSTERMANN, A. C. (2020). “Tu sabe? Te lembra?”: o resguardo de informações em interrogatórios policiais por meio da (com)posição de perguntas e respostas. Linguagem em (Dis)curso – LemD, Tubarão, SC, v. 20, n. 1, p. 73-95. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/1982-4017-200105-1119 .

MONDADA, L. (2014). The local constitution of multimodal resources for social interaction. Journal of Pragmatics, v. 65, p. 137-156. DOI: https://doi.org/10.1016/j.pragma.2014.04.004.

MONDADA, L. (2018). Multiple Temporalities of Language and Body in Interaction: Challenges for Transcribing Multimodality. Research on Language and Social Interaction, v. 1, n. 51, p. 85-106. DOI: https://doi.org/10.1080/08351813.2018.1413878.

MONDADA, L. (2019) Practices for showing, looking, and videorecording: the interactional establishment of a common focus of attention. In: Reber, E.; Gerhardt, C. (eds.), Embodied Activities in Face-to-Face and Mediated Settings: Social Encounters in Time and Space. Palgrave MacMillan, p. 63-106. DOI: 10.1007/978-3-319-97325-8_3.

MONDADA, L. (2019). Conventions for multimodal transcription. Disponível em: <https://www.lorenzamondada.net/multimodal-transcription>. Acesso em: 4 ago. 2022.

MONDADA, L. (2021) How early can embodied responses be? Issues in time and sequentiality. Discourse Processes, v. 58, n. 4, p. 397-418. DOI: https://doi.org/10.1080/0163853X.2020.1871561.

OHLWEILER, M. K. (2022). Pandemia COVID-19 e análise da conversa multimodal: porque o lar vira trabalho, mas o trabalho não vira um lar. Dissertação de Mestrado em Linguística Aplicada. Programa de Pós-Graduação em Linguística Aplicada, Unisinos, São Leopoldo.

OLBERTZ-SIITONEN, M.; PIIRAINEN-MARSH, A. (2021). Coordinating action in technology-supported shared tasks: Virtual pointing as a situated practice for mobilizing a response. Language & Communication, n. 79, p. 1-21. DOI: https://doi.org/10.1016/J.LANGCOM.2021.03.005 .

OSTERMANN, A. C.; FREZZA, M.; PEROBELLI, R. (2020). Literacy without borders: the fine-grained minutiae of social interaction that do matter (also in promoting health literacy). Trabalhos em Linguística Aplicada, v. 1, n. 59, p. 330-352. DOI: https://doi.org/10.1590/010318135866215912020.

SACKS, H. (1992). Lectures on Conversation. Oxford, UK: Blackwell.

SATAR, H. M. (2016) Meaning-making in online language learner interactions via desktop videoconferencing. ReCALL, v. 3, n. 28, p. 305-325. DOI: https://doi.org/10.1017/S0958344016000100.

SATAR, M.; WIGHAM, C. R. (2020). Delivering task instruction in multimodal synchronous online language teaching. ALSIC, v. 23, n. 1. DOI:10.4000/alsic.4571. Disponível em: <http://journals.openedition.org/alsic/4571>. Acesso em: 19 ago. 2022.

SCHEGLOFF, E. A. (2007). Sequence organization in interaction: A primer in conversation analysis. Cambridge: Cambridge University Press.

Creative Commons License
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.

Copyright (c) 2023 Trabalhos em Linguística Aplicada

Downloads

Não há dados estatísticos.