Banner Portal
Sobre traduzir afetivamente o diário de Virginia Woolf
PDF (English)

Palavras-chave

Afetos
Práticas tradutórias
Virginia Woolf
Escritas de si

Como Citar

MESQUITA, Ana Carolina. Sobre traduzir afetivamente o diário de Virginia Woolf. Trabalhos em Linguística Aplicada, Campinas, SP, v. 62, n. 2, p. 229–242, 2023. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/tla/article/view/8673892. Acesso em: 27 abr. 2024.

Resumo

Embora o discurso científico do século XX tenha descartado o afeto por considerá-lo não científico, e apesar de tal posição haver sido contestada por pensadores como Nietzsche e Spinoza, apenas recentemente pôde-se argumentar cientificamente que o afeto é inseparável tanto da cognição quanto da própria construção do conhecimento. Este artigo objetiva analisar como minhas próprias práticas tradutórias foram mediadas pelo afeto ao traduzir para o português brasileiro o diário de Virginia Woolf. O projeto foi conduzido como parte de minha pesquisa de doutorado, durante a qual minha ideia inicial de “imparcialidade” na tradução caiu por terra perante os manuscritos do diário woolfiano. Diante de um texto que até então eu só conhecia impresso e de forma impessoal, de uma obra teoricamente de natureza privada, escrita ao longo de 44 anos, com suas lacunas, borrões e caligrafia oscilante, não me foi mais possível não tomar posição. Este artigo pretende contribuir para os estudos sobre tradução e afeto pensando possibilidades de utilizar a indecidibilidade de Derrida como estratégia tradutória, valendo-se de meu processo de tradução dos diários de Woolf como ilustração, ao mesmo tempo em que busca refletir como a teoria do afeto pode expandir considerações anteriores feitas pela própria Woolf e por pensadores como L. Zimmermann, G. Spivak e H. de Campos.

PDF (English)

Referências

AHMED, S. (2010). Happy Objects. In: GREGG, M.; SEIGWORTH, G. J. (org.). (2010). The Affect Theory Reader. Durham and London: Duke University Press.

ASSEF, M. (2013). Poetas tradutores e o cânone da poesia traduzida no Brasil (1960-2009). Tese de doutorado em Estudos da Tradução. Centro de Comunicação e Expressão, Universidade Federal de Santa Catarina.

BAWARSHI, A. (2000). The Genre Function. College English, v. 62, n. 3, pp. 335-360.

CAMPOS, H. (1962). Da tradução como criação e crítica. Metalinguagem & outras metas. São Paulo, Perspectiva, 2006.

CLOUGH, P.; HALLEY, J. (ed.). (2007). The Affective Turn: Theorizing the Social. Durham and London: Duke University Press.

DERRIDA, J. (1982). Différance. Margins of Philosophy. Translated by Alan Bass. Chicago: University of Chicago Press, pp. 3-27.

DERRIDA, J. (1972). Positions. Translated by Alan Bass. Chicago: The University of Chicago Press, 1981.

DERRIDA, J.; DUFFORMANTELLE, A. (2000). On Hospitality. Anne Duformantelle invites Jacques Derrida to respond. Translated by R. Bowlby. Stanford: Stanford University Press.

DERRIDA, J.; ROUDINESCO, E. (2003). De que amanhã... Diálogo. São Paulo, Companhia das Letras, 2004, p. 24.

FIGUEIREDO, E. (2022). A nebulosa do (auto)biográfico. Porto Alegre: Zouk.

FLORES, G. G. (2016). Da tradução em sua crítica: Haroldo de Campos e Henri Meschonic. Circuladô. São Paulo: Poiesis/Casa das Rosas, n. 5, p. 9-24.

FOUCAULT, M. (1969) What is an Author? Aesthetics, Method, and Epistemology. Translated by Robert Hurley et al. New York: The New Press, 1998.

GIORDANO, A. (2011). La contraseña de los solitários. Rosario: Beatriz Viterbo Editora.

GORMAN, C. (2015). The Undecidable. Newcastle upon Tyne: Cambridge Scholars Publishing.

GREGG, M.; SEIGWORTH, G. J. (2010). An Inventory of Shimmers. The Affect Theory Reader. Durham and London: Duke University Press.

GUNEW, S. (2020). Translating Postcolonial Affect. In: Houen, Alex (org.). Affect and Literature. Cambridge: Cambridge University Press, 2020.

KOSKINEN, K. (2020). Translation and Affect: Essays on sticky affects and translational affective labour. Amsterdam/Philadephia: John Benjamins Publishing Company.

LANE, A. et al. (2000). The nature of mood. Journal of Applied Sport Psychology, n. 12, p. 16–33.

MARQUES, A. M. (2021). Risque esta palavra. São Paulo: Companhia das Letras.

MASSUMI, B. (2015). The Politics of Affect. Cambridge: Polity Press.

NASCIMENTO, E. (2015). Derrida e a literatura: “notas” de literatura e filosofia nos textos da desconstrução. São Paulo: É Realizações.

NIETZSCHE, F. (1989). On the Genealogy of Morals and Ecce Homo. Translated by Walter Kaufman. New York: Vintage.

PAULS, A. (1996). Cómo se escribe el diário intimo. Franz Kafka... et al. Buenos Aires: El Ateneo.

PROBYN, E. (2010). Writing Shame. GREGG, Melissa; SEIGWORTH, Gregory J. (org.). The Affect Theory Reader. Durham and London: Duke University Press, p. 76.

RECHE-BEZERRA, I. (2017). Um pensamento sobre a tradução: O caso da indecidibilidade. Dissertação de mestrado em Letras. Universidade Federal do Paraná, Curitiba.

SAFATLE, V. (2016). O circuito dos afetos: Corpos políticos, desamparo e o fim do indivíduo. São Paulo: Autêntica.

SANTANA-DEZMANN, V. (2016). As belles infidèles e os românticos alemães. Belas Infiéis, v. 5, n. 3, p. 89-105.

SCHOPENHAUER, A. (1819). The World as Will and Representation. v. I. Translated by E. F. J. Payne. Dover Publications, 1969.

SCHMIDT, R. T. (1990). Virginia Woolf’s Criticism: Towards Theoretical Assumptions on the Art of Fiction. Revista Ilha do Desterro – A Journal of English Language, Literatures in English and Cultural Studies, n. 24. Florianópolis: UFSC.

SPINOZA, B. (1677). Ethics and treatise on the correction of the intellect. Translated by A. Boyle. London: J. M. Dent, 1993.

SPINOZA, B. Complete Works. Translated by Samuel Shirley. Indianapolis/Cambridge, Mass.: Hackett, 2002.

SPIVAK, G. C. (1993). The Politics of Translation. Outside in the teaching machine. New York: Routledge.

ZIMMERMAN, L. (2013). Critique et création. Les Temps Modernes. Paris, v. 672, p.191-99.

WOOLF, V. (1939-41) A Sketch of the Past. Moments of Being. A collection of autobiographical writing, edited by Jeanne Schulkid. Harcourt Brace, 1985.

WOOLF, V. Diaries. (2016) The Complete Works of Virginia Woolf. Kindle ed., Oakshot Press.

Creative Commons License
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.

Copyright (c) 2023 Ana Carolina Mesquita

Downloads

Não há dados estatísticos.