Banner Portal
O processo de negociação e o alcance da completude monológica em debate eleitoral
PDF

Palavras-chave

Processo de negociação
Completude monológica
Debate eleitoral

Como Citar

CUNHA, Gustavo Ximenes. O processo de negociação e o alcance da completude monológica em debate eleitoral. Trabalhos em Linguística Aplicada, Campinas, SP, v. 60, n. 1, p. 155–170, 2021. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/tla/article/view/8656932. Acesso em: 19 abr. 2024.

Resumo

Neste trabalho, estudam-se as restrições impostas por uma propriedade contextual do gênero debate eleitoral (a saber, a reciprocidade parcial e controlada entre os interlocutores) sobre a tarefa dos candidatos de produzirem intervenções que possam ser avaliadas como completas. Adotando como arcabouço teórico a abordagem genebrina de análise do discurso (ou Escola de Genebra) e analisando o último debate eleitoral da campanha presidencial de 2014, debate cujos adversários foram Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB), obtivemos os seguintes resultados: i) ao elaborarem perguntas, os candidatos as antecipam por uma intervenção preparatória funcional e estruturalmente complexa; ii) os candidatos elaboram as intervenções reativas (respostas, réplicas e tréplicas) por etapas que se ligam a informações oriundas da intervenção previamente produzida pelo adversário e/ou por integrante da plateia (eleitor) convidado a perguntar; iii) na construção de cada intervenção reativa, os candidatos podem ou coordenar essas mesmas etapas, ou as articular por subordinação; iv) em cada uma dessas etapas, os candidatos empregam segmentos de discurso que representam tanto a fala do adversário, quanto a fala do integrante da plateia convidado a perguntar.

PDF

Referências

BAKHTIN, M. (VOLOCHÍNOV). (1986[1929]). Marxismo e filosofia da linguagem. São Paulo: Hucitec.

BERRENDONER, A. (1983). “Connecteurs pragmatiques” et anaphore. Cahiers de linguistique française, v. 5, pp. 215-246.

BROWN, P; LEVINSON, S. (1983). Politeness: some universals in language use. Cambridge: Cambridge University Press.

BURGER, M.; JACQUIN, J. (2015). La textualisation de l’oral: éléments pour une observation de la construction collaborative de la complétude. In: ADAM, J. M. (org.) Faire texte. Frontières textuelles et opérations de textualisation. Besançon: Presses universitaires de Franche-Comté, pp. 277-318.

CUNHA, G. X. (2017). O impacto da dimensão situacional do discurso sobre a articulação textual. Calidoscópio. v. 15, pp. 375-387.

CUNHA, G. X. (2017a). O papel dos conectores na co-construção de imagens identitárias: o uso do mas em debates eleitorais. ALFA. v. 61, pp. 599-623.

CUNHA, G. X. (2017b). Conectores e processo de negociação: uma proposta discursiva para o estudo dos conectores. Fórum Linguístico. v. 14, pp. 1699-1716.

CUNHA, G. X. (2019). Estratégias de impolidez como propriedades definidoras de interações polêmicas. Delta: Documentação e Estudos em Linguística Teórica e Aplicada, v. 35, n. 2, pp. 1-28.

CUNHA, G. X.; BRAGA, P. B. (2018). Definindo o comentário metadiscursivo em uma perspectiva interacionista da Análise do Discurso. SCRIPTA. v. 22, pp. 171-188.

CUNHA, G. X.; TOMAZI, M. M. (2019). O uso agressivo da linguagem em uma audiência: uma abordagem discursiva e interacionista para o estudo da im/polidez. Calidoscópio. v. 17, pp. 297-319.

DUCROT, O. (1987). O dizer e o dito. Campinas: Pontes.

FILLIETTAZ, L. (2004). Négociation, textualisation et action: le concept de négociation dans le modèle genevois de l’organisation du discours. In: GROSJEAN, M.; MONDADA, L. (orgs.) La négociation au travail. Lyon: Presses universitaires de Lyon, pp. 69-96.

FILLIETTAZ, L. (2005). Négociation langagière et prise de décision dans le travail collectif. Négociations. v. 3, pp. 27-43.

FILLIETTAZ, L. (2006). La place du contexte dans une approche praxéologique du discours. Le cas de l’argumentation dans les interactions scolaires. Pratiques. v. 129-130, pp.71-88.

FILLIETTAZ, L. (2008). La co-construction des requêtes. Le cas du service à la clientèle dans les grandes surfaces. In: KERBRAT-ORECCHIONI, C.; TRAVERSO, V. (orgs.) Les interactions en site commercial: invariants et variations. Lyon: Ens Éditions, pp. 77-103.

FILLIETTAZ, L. (2014). L’interaction langagière: un object et une méthode d’analyse en formation des adultes. In: FRIEDRICH, J.; CASTRO, J. C. P. (orgs.) Recherches en formation des adultes: un dialogue entre concepts et réalité. Dijon: Raisons et Passions, pp. 127-162.

FILLIETTAZ, L.; ROULET, E. (2002). The Geneva Model of discourse analysis: an interactionist and modular approach to discourse organization. Discourse Studies. v. 4, n. 3, pp. 369-392.

GOFFMAN, E. (1967[1955]). On face-work: an analysis of ritual elements in social interaction. In: E. GOFFMAN. (org.) Interaction ritual: essays on face-to-face behavior. New York, Pantheon Books, pp. 5-45.

GOFFMAN, E. (1973). La mise em scène de la vie quotidienne: les relations em public. v. 2. Paris: Les Éditions de Minuit.

GOFFMAN, E. (1981). Forms of talk. Philadelphia: University of Pennsylvania Press.

GRICE, H. P. (1975). Logic and conversation. In: COLE, P.; MORGAN, J. L. (orgs.) Sintax and semantics: speech acts. New York: Academic Press, pp. 41-58.

GUIMARÃES, E. (1987). Texto e argumentação: um estudo de conjunções do português. São Paulo: Pontes.

JACQUIN, J. (2014). Débattre: l’argumentation et l’identité ao coeur d’une pratique verbale. Bruxelles: De Boeck Supérieur.

KERBRAT-ORECCHIONI, C. (2017). Les débats de l’entre-deux-tours des élections présidentielles françaises: constantes et évolutions d’un genre. Paris : L’Harmattan.

MARINHO, J. H. C. (2007). A determinação da unidade textual mínima. In : Marinho, J. H. C. ; Pires, M. S. O. ; Villela, A. M. N. (orgs.), Análise do discurso : ensaios sobre a complexidade discursiva. Belo Horizonte : CEFET-MG, pp. 39-50.

MOESCHLER, J. (1982). Dire et contredire: pragmatique de la négation et acte de réfutation dans la conversation. Berne: Peter Lang.

MOESCHLER, J. (1985). Argumentation et conversation: éléments pour une analyse pragmatique du discours. Paris: Hatier-Credif.

ROSSARI, C. (1996). Identification d'unités discursives: les actes et les connecteurs. Cahiers de linguistique française. v. 18, n. 1, pp. 157-177.

ROULET, E. (1986). Complétude interactive et mouvements discursifs. Cahiers de linguistique francaise. v. 7, pp. 189-206.

ROULET, E. (1987). Complétude interactive et connecteurs reformulatifs. Cahiers de linguistique francaise. v. 8, pp. 111-140.

ROULET, E. (1988). Variations sur la structure de l’échange langagier dans différentes situations d’interaction. Cahiers de linguistique française. v. 9, n. 1, pp. 27-37.

ROULET, E. (1992). On the structure of conversation as negociation. In: PARRET, H.; VERSCHUEREN, J. (orgs.) (On) Searle on conversation. Amsterdam: John Benjamins, pp. 91-99.

ROULET, E. (1999). La description de l’organisation du discours. Paris: Didier.

ROULET, E. (2000). Enoncé, tour de parole et projection discursive. In: BERTHOUD A.C.; MONDADA, L. (orgs.) Modèles du discours en confrontation. Berne: Lang, pp. 5-22.

ROULET, E. (2004). Les relations de discours rhétoriques et praxéologiques dans la description des propriétés des constituants parenthétiques. Travaux de linguistique. v. 49, pp. 09-17.

ROULET, E. et al. (1985). L’articulation du discours en français contemporain. Berne: Lang.

ROULET, E.; FILLIETTAZ, L.; GROBET, A. (2001). Un modèle et un instrument d'analyse de l'organisation du discours. Berne: Lang.

SACKS, H.; SCHEGLOFF, E. A.; JEFFERSON, G. (1974). A simplest systematics for the organization of turn taking in conversation. Language. v. 50, pp. 696-735.

SCHEGLOFF, E. A. (2007). Sequence organization in interaction: a primer in Conversation Analysis I. Cambridge: Cambridge University Press.

Creative Commons License
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.

Copyright (c) 2021 Trabalhos em Linguística Aplicada

Downloads

Não há dados estatísticos.