Resumo
Neste artigo analisamos as práticas educativas relacionadas ao ensino de matemática para os índios, quando realizadas sob a perspectiva da Etnomatemática. Procuramos salientar alguns efeitos de verdade e de poder; para tanto, após indicar algumas aproximações entre a Etnomatemática e as pesquisas de Foucault, exploramos as possibilidades de diálogo entre estas duas posturas teóricas e apontamos transformações que a formação de professores indígenas tem sofrido e causado. A partir de nossas pesquisas com diferentes povos indígenas dos Estados de São Paulo e de Mato Grosso, ilustramos o fato de que a escola tem engendrado alterações substanciais nas concepções e nos usos do tempo e do espaço de culturas indígenas e modificado as práticas de atendimento às obrigações individuais, familiares e clânicas, dentre outras. Procuramos, com isso, abalar algumas certezas e convidar os educadores matemáticos que atuam com os povos indígenas a repensarem suas práticas discursivas e não discursivas.Referências
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