Resumo
O objetivo deste artigo é analisar concepções de ensino de História para o ensino secundário que circularam nos contextos da Primeira República e da reforma curricular de 1951. Dialogando com referenciais teórico-metodológicos da história cultural e do currículo, estudamos a legislação educacional e programas de ensino para refletirmos sobre textos produzidos pelos professores Mello e Souza e Vicente Tapajós. Ao defenderem, respectivamente, a História como modeladora do caráter nacionalista e formadora do cidadão democrático, tais sujeitos apresentaram ideias que tanto retratam disputas políticas em torno do currículo quanto procuravam forjar visões de mundo e sensibilidades dos estudantes durante os processos educativos escolares.
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