Cultura e autogestão da vida: a hermenêutica da autocompreensão de professores universitários sobre as suas dores emocionais

Resumo

RESUMO

A cultura dos dualismos incentiva e promove a desconexão de indivíduos com a sua autodeterminação e a autogestão da vida. Os lapsos da dissociação entre emoção e razão, inspirada pelo platonismo e pleiteada na modernidade, atinge patamares equivocados nos nossos dias, suscitando sofrimentos. A partir desse entendimento, propõem-se, neste estudo, algumas reflexões acerca da influência da cultura universitária em vigor na autogestão da vida e a participação dessa relação no sofrimento psíquico de docentes universitários. Para tanto, são utilizadas as investigações neurocientíficas de Antonio Damásio sobre os sentimentos de dor e de prazer como forças motivadoras da cultura e das reflexões de Baruch Espinosa (1632-1677) pelas surpreendentes antevisões relativas à teoria dos afetos que predizem os conhecimentos da neurociência dos séculos XX e XXI. Assim, foi empregada a hermenêutica afetiva para interpretar as narrativas de docentes, pois essa abordagem permite o diálogo como mediação intersubjetiva, possibilitando a compreensão do real na sua significação, ou seja, o sentido subjetivo que cada um confere ao que está acontecendo. O enfrentamento dos problemas é possível por meio da formação e desenvolvimento de professores para a autodeterminação e a autogestão da vida, o que exige a busca de um novo horizonte pedagógico que acolha e ampare outras perspectivas orientadoras da cultura. E isso em busca da sustentação de sentidos norteadores de novos saberes que incorporem demandas emocionais, visando a superar as dicotomias e ambiguidades preconizadas pelo paradigma da consciência.