Banner Portal
O si mesmo como um outro
PDF

Palavras-chave

Identidades
Alteridade
Aprendizagem de segunda língua

Como Citar

CONCEIÇÃO, Mariney Pereira. O si mesmo como um outro: identidades em narrativas visuais de aprendizes de português como segunda língua. Trabalhos em Linguística Aplicada, Campinas, SP, v. 59, n. 2, p. 1339–1372, 2020. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/tla/article/view/8656178. Acesso em: 16 ago. 2024.

Resumo

Neste estudo de natureza qualitativa, com base na hermenêutica ricoeuriana do si (RICOEUR, 1991), assim como nos trabalhos de Hall (2006) e Norton (2016), analiso a forma como o eu e o outro estão representados em narrativas de dez estudantes de diferentes nacionalidades aprendendo língua portuguesa como segunda língua em uma universidade pública em Portugal. Tendo em vista as multiplicidades de textos e culturas presentes na sociedade contemporânea em que conhecimentos são construídos e compartilhados por meio de diferentes semioses, inspirada pelo trabalho  de Kalaja, Dufva e Alanen (2013)  e Melo-Pfeifer (2015), utilizo narrativas visuais em imagens desenhadas à mão livre pelos participantes como principal instrumento de coleta e geração de dados, tendo, como referencial para a análise dessas narrativas, as categorias da Gramática do Design Visual, adaptadas de Kress; van Leeuwen, (2006 [1996]) e Mota-Ribeiro (2011). As imagens analisadas sugerem que os participantes percebem a si mesmos ora como crianças, ora como seres híbridos, dotados de grandes orelhas, ou mesmo alienígenas, alijados do processo de interação e frustrados no desejo de reconhecimento diante do outro, representado por colegas, professores, parentes ou falantes nativos. A pesquisa traz importantes implicações para a educação de professores, revelando que é preciso acolher visões múltiplas e subjetivas de si e do outro, não apenas na sala de aula, mas na vida social da comunidade como um todo, na atestação e reconhecimento de cada um perante o outro, no sentido de fortalecer identidades na busca de mundos sociais mais justos (EARLY; NORTON, 2012), pois, como lembram Jewitt e Oyama (2001), a imagem não reflete a realidade, mas a constrói.

PDF

Referências

ARAGÃO, R. C. (2007). São as histórias que nos dizem mais: emoção, reflexão e ação na sala de aula. Tese de Doutorado em Estudos Linguísticos. Faculdade de Letras, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte.

ARAGÃO, R. (2008). Emoções e pesquisa narrativa: transformando experiências de aprendizagem. Revista Brasileira de Linguística Aplicada, v. 8, n. 2, pp. 295-320.

ARISTÓTELES. (2005). Metafísica, Trad. Valentín Garcia Yebra. Madrid: Gredos.

BOURDIEU, P. (1991). Language and symbolic power. Cambridge, MA: Harvard University Press.

AUTOR, M. P. (2018). O uso de tecnologias no desenvolvimento da oralidade: implicações para a formação de professores de línguas no século XXI. In: Sturm, L. ; Toldo, C. (org.), Desafios contemporâneos do ensino: língua materna e língua estrangeira, Campinas: Pontes Editores, pp. 187-212.

DENZIN, N. K.; LINCOLN, Y. S. (2003). Introduction: The discipline and practice of qualitative research. In: DENZIN, N. K.; LINCOLN, Y. S. (Ed.). The Sage Handbook of Qualitative Research.Thousand Oaks, CA: Sage, pp. 1- 45.

DESCARTES, R. (1637). Discurso do Método, Trad. Gomes P. Lisboa: Guimarães Editores, 2004.

EARLY, M. ; NORTON, B. (2012). Language learner stories and imagined identities. Narrative Inquiry, 22 (1), pp. 194-201.

HALL, S. (2000). Quem precisa da identidade? In: Silva, T. T. da. (org.), Identidade e diferença: a perspectiva dos estudos culturais. Petrópolis: Vozes, pp. 103-133.

HALL, S. (1992). A identidade cultural na pós-modernidade, Trad. Tomaz Tadeu da Silva e Guaracira Lopes Louro. Rio de Janeiro: DP & A, 2006.

HALLIDAY , M. A. K. (1994). An Introduction to Functional Grammar. London: Edward Arnold.

HALLIDAY, M. A. K.; MATTHIESSEN, C. M. I. M. (2004). An introduction to functional grammar. 3. Ed. London: Edward Arnold.

JEWITT, C. ; OYAMA, R. (2001). Visual Meaning: A Social Semiotic Approach. In: Leeuwen, T. v. ; Jewitt, C. (Orgs.), Handbook of Visual Analysis. London: Sage, pp. 134-156.

JODELET, D. (2002). As Representações sociais: um domínio em expansão. In: Jodelet, D. (Org.), As Representações Sociais. Rio de Janeiro: EDUERJ, pp. 17-44.

JOHNSON, D. M. (1992). Approaches to research in second language learning. New York: Longman.

KALAJA, P; ALANEN, R.; DUFVA, H. (2008). Self-Portraits of EFL Learners: Finnish Students Draw and Tell. In: Kalaja, P.; Menezes, V.; Barcelos, A. M. (Org.), Narratives of Learning and Teaching EFL. Basingstoke, UK: Palgrave Macmillan, pp. 186-198.

KALAJA, P.; DUFVA, H.; ALANEN, R. (2013). Experimenting with visual narratives. In: Barkhuizen, G. (Org.), Narrative Research in Applied Linguistics. Cambridge: Cambridge University Press, pp. 105-131.

KRAMSCH, C. (2003). Language and Culture. Oxford: Oxford University Press.

KRESS, G. (2003). Literacy in the new media age. London, New York: Routledge, 2003.

KRESS, G. (2010). Multimodalility; a social semiotic approach to contemporary communication. London: Routledge.

KRESS, G. ; van LEEUWEN, T. (2001). Multimodal Discourse: the modes and media of contemporary communication. London: Arnold.

KRESS, G.; van LEEUWEN, T. (1996). Reading images: the grammar of visual design. London, New York: Routledge, 2006.

MANGUEL, A. (2008). A cidade das palavras: as histórias que contamos para saber quem somos. São Paulo: Companhia das Letras.

MELO-PFEIFER, S. (2015). Multilingual awareness and heritage language education: children's multimodal representations of their multilingualism, Language Awareness, v. 24, n. 3, pp. 197-215.

MIYAHARA, M. (2009). Researching Identity and Language Learning: Taking a Narrative Approach. ICU Language Learning Research Bulletin.

MOSCOVICI, S. (2013). Representações Sociais: investigações em psicologia social, Trad. Pedrinho Guareschi, Rio de Janeiro, Petrópolis: Editora Vozes.

MOTA-RIBEIRO, S. (2011). Do outro lado do espelho: imagens e discursos de gênero nos anúncios das revistas femininas: uma abordagem sociossemiótica visual feminista. Tese de Doutorado em Ciências da Comunicação. Instituto de Ciências Sociais, Universidade do Minho, Braga.

NORTON, B. (2013). Identity and language learning: Extending the conversation. Bristol: Multilingual Matters.
NORTON, B. (2016). Identity and language learning: Back to the future. TESOL Quarterly, 50 (2), pp. 475-479. 

PAIVA, V. L. M. O. e. (2010a) Narrativas multimídia de aprendizagem de língua inglesa. Revista Signos, v. 43, pp. 183-203.

PAIVA, V. L. M. O. e. (2010). O outro na aprendizagem de línguas. In: Hermont, A.B.; Espírito Santo, R. S.; Cavalcante, S. M. S. Linguagem e cognição: diferentes perspectivas, de cada lugar um outro olhar. Belo Horizonte: Editora PUCMINAS. pp. 203-217.

PAIVA, V. L. M. O. e.; GOMES, I.F. (2009). O outro em narrativas de aprendizagem de língua inglesa. Polifonia, v. 19, pp. 59-80.

PAVLENKO, A. (2007). Autobiographic narratives as data in applied linguistics. Applied Linguistics, 28(2), pp. 163-88.

RICOEUR, P. (1991). O si mesmo como um outro, Trad. Lucy Moreira César. Campinas: Papirus.

SARAMAGO, J. (1995). Ensaio sobre a cegueira. São Paulo: Companhia das Letras.

SILVA, M. M. dos S. (2017). À mão livre: explorando narrativas visuais de alunos brasileiros sobre a aprendizagem de Inglês. Tese de Doutorado em Linguística Aplicada. Faculdade de Letras, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte.

van LEEWEN; JEWITT, C. (2001). Handbook of visual analysis. London; Thousand Oaks; New Delhi: Sage Publications, 210p.

VIEIRA ABRAHÃO, M. H. (2004). Metodologia na investigação das crenças. In: Barcelos, A. M. F. ; Vieira Abrahão, M. H. (Orgs.), Crenças e ensino de línguas: foco no professor, no aluno e na formação de professores. Campinas: Pontes Editores.

WOODWARD, K. (2000). Identidade e diferença: uma introdução teórica. In: Silva, T. T. da. (Org.), Identidade e diferença: a perspectiva dos Estudos Culturais. Petrópolis/Rio de Janeiro: Vozes.




O periódico Trabalhos em Linguística Aplicada utiliza a licença do Creative Commons (CC), preservando assim, a integridade dos artigos em ambiente de acesso aberto, em que:

  • A publicação se reserva o direito de efetuar, nos originais, alterações de ordem normativa, ortográfica e gramatical, com vistas a manter o padrão culto da língua, respeitando, porém, o estilo dos autores;
  • Os originais não serão devolvidos aos autores;
  • Os autores mantêm os direitos totais sobre seus trabalhos publicados na Trabalhos de Linguística Aplicada, ficando sua reimpressão total ou parcial, depósito ou republicação sujeita à indicação de primeira publicação na revista, por meio da licença CC-BY;
  • Deve ser consignada a fonte de publicação original;
  • As opiniões emitidas pelos autores dos artigos são de sua exclusiva responsabilidade.

Downloads

Não há dados estatísticos.