Banner Portal
Entre o lócus de enunciação e o lugar de fala
PDF

Palavras-chave

Lugar de fala
Lócus de enunciação
Linguagem

Como Citar

NASCIMENTO, Gabriel. Entre o lócus de enunciação e o lugar de fala: marcar o não-marcado e trazer o corpo de volta na linguagem. Trabalhos em Linguística Aplicada, Campinas, SP, v. 60, n. 1, p. 58–68, 2021. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/tla/article/view/8661808. Acesso em: 26 abr. 2024.

Resumo

Lócus de enunciação e lugar de fala parecem conceitos primos, mas são produtos de tendências de pensamento distintas, como é o caso dos estudos subalternos (SPIVAK, 1987), a Teoria Racial Crítica (LADSON-BILLINGS e TATE, 1995), os estudos de feministas negras norte-americanas (DAVIS, 1983; CRENSHAW, 1989; HILL COLLINS, 1990), os estudos chicanos (ANZALDUA, 1987), decoloniais (MIGNOLO, 2000), entre outros. Neste trabalho vamos navegar entre os sentidos de lócus de enunciação (MIGNOLO, 2000) e lugar de fala (RIBEIRO, 2017) para compreender como a linguagem constrói a racialização e naturaliza marcado e não-marcado por meio dela. Para isso, vou examinar ambos os conceitos, lugar de fala e lócus de enunciação, a partir de suas delimitações históricas, as similaridades e diferenças entre si, bem como pontos de encontro teórico. Para finalizar, vou propor dispositivos como trazer o corpo de volta, roubado pela colonialidade, e marcar o não-marcado, como forma de ligar o lugar de fala ao lócus de enunciação.

PDF

Referências

ANZALDUA, G. Borderlands: the new mestiza = La frontera. San Francisco : Aunt. Lute, 1987.

BAKHTIN, M. M. (Mikhail Mikhailovich). Marxismo e filosofia da linguagem: Problemas fundamentais do método sociologico na ciencia da linguagem. 8.ed. São Paulo; Hucitec, 1997.

BAKHTIN, M. Toward a Philosophy of the Act. Austin: University of Texas Press, 1993.

BENVENISTE, É. Problemas de lingüística geral. São Paulo, SP: Companhia Editora Nacional, 1976.

CRENSHAW, K. Demarginalizing the Intersection of Race and Sex: A Black Feminist Critique of Antidiscrimination Doctrine, Feminist Theory and Antiracist Politics. University of Chicago Legal Forum, n.1, 1989.

DAVIS, A. Women, race and class. Nova Iorque: First Vintage Books Edition, 1983.

DE SOUZA, L. M. T. M. Decolonial pedagogies, multilingualism and literacies. Multilingualism and Literacies. Multilingual Margins: A journal of multilingualism from the periphery, v. 6, p. 1-15, 2019.

FANON, F. Pele Negra Mascaras Brancas. Salvador: EdUFBA, 2008.

FERREIRA, A. J. Narrativas Autobiográficas de Identidades Sociais de Raça, Gênero, Sexualidade e Classe em Estudos da Linguagem. 1. ed. Campinas: Pontes Editores, 2015. v. 1. 288p .

FOUCAULT, M.. A arqueologia do saber. 7. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2009.

GATES JR., H.L. The Signifying Monkey: a Theory of African-American Literary Criticism, Oxford University Press, 1988.

GUERREIRO RAMOS, A. O problema do negro na sociologia brasileira. Cadernos do Nosso Tempo, 2, jan./jun, 1954.

HILL COLLINS, P. Black Feminist Thought: Knowledge, Consciousness, and the Politics of Empowerment. Boston :Unwin Hyman, 1990.

LADSON-BILLINGS, G.; TATE, W. Toward a Critical Race Theory of Education. Teachers College Record. 97. 47-68, 1995.

LORENSO, S. (2010). Entre silêncios e ditos: Estilos de enunciação negra na perspectiva semiótica. In: E. Almeida Pereira (Org.) Um tigre na floresta de signos: Estudos sobre poesias e demandas sociais no Brasil. Belo Horizonte: Mazza Edições, 2010.

MAKONI, S.; PENNYCOOK, A. Disinventing and Reconstituting Languages. In: MAKONI, S.; PENNYCOOK, A. (Orgs.) Clevedon: Multilingual Matters, 2007.

MAY, S. Language rights and language policy: addressing the gap(s) between principles and practices. Current Issues in Language Planning, 16:4, 355-359, 2015.

MBEMBE, A. Necropolítica. São Paulo: N-1 edições, 2018.

MENEZES DE SOUZA, L.T.M. Glocal Languages, Coloniality and Globalization from below. In: GUILHERME, M.; SOUZA, L.M.T. (Orgs.). Glocal languages and Critical Intercultural Awareness. Nova Iorque: Routledge, 2018.

MIGNOLO, W. Colonial and Postcolonial discourse: Cultural critique or academic colonialism? Latin American Research Review, n. 3, p. 120-134, 1993.

MIGNOLO, W. Local Histories/Global Designs. Chichester: Princeton University Press, 2000.

MUNANGA, K . Rediscutindo a mestiçagem no Brasil: identidade nacional versus identidade negra. Belo Horizonte: Autêntica, 2004.

NASCIMENTO, G.. Racismo linguístico: os subterrâneos da linguagem e do racismo. 1. ed. Belo Horizonte: Letramento Editorial, 2019.

Oliveira e Oliveira, Eduardo de. O mulato: um obstáculo epistemológico. Argumento, jan. de 1974.

POSSENTI, S. A misoginia como condicionante do golpe de 2016 no Brasil. Discurso & Sociedad, v. 3, p. 581-593, 2018.

RATO, A.; FLORES, C.; NEVES, D.; OLIVEIRA, D. A competência fonológica de falantes bilingues luso-alemães: um estudo sobre sotaque global, compreensibilidade e inteligibilidade da sua língua de herança. Diacrítica, Braga , v. 29, n. 1, p. 297-326, 2015 .

REZENDE, T. F.; SILVA, D. M. Desobediência linguística: por uma epistemologia liminar que rasure a normatividade da língua portuguesa. PORTO DAS LETRAS, v. 4, p. 174-202, 2018.

RIBEIRO, D. O que é lugar de fala?Belo Horizonte: Letramento, 2017.

SANTOS, R. O negro objetificado na obra de Caio Prado Jr. e Florestan Fernandes: uma análise das narrativas sóci-históricas na construção do pensamento social brasileiro. Africa e Africanidades,n. 23, 2017.

SINGH, J. Unthinking mastery: dehumanism and decolonial entanglements. Durham : Duke University Press, 2018.

SOUZA, A.L. S; MUNIZ, K. S. Descolonialidade, performance e diáspora africana no interior do brasil: sobre transições identitárias e capilares entre estudantes da UNILAB. L&S Cadernos de Linguagem e Sociedade, v. 19, p. 80-101, 2017.

SPIVAK, G. C. Subaltern Studies: Deconstructing Historiography. In: SPIVAK, G. C. In Other Worlds: Essays in Cultural Politics. New York: Methuen, 1987.

VERONELLI, G. A coalitional approach to theorizing decolonial communication. Hypatia, 31(2), 404-420, 2016.

Creative Commons License
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.

Copyright (c) 2021 Trabalhos em Linguística Aplicada

Downloads

Não há dados estatísticos.