Banner Portal
É argumentando que se aprende a argumentar
PDF

Palavras-chave

Interação
Argumentação
Competência argumentativa

Como Citar

CUNHA, Gustavo Ximenes; OLIVEIRA, Jairo Venício Carvalhais de. É argumentando que se aprende a argumentar: subsídios para a pesquisa e o ensino da competência argumentativa em (inter)ação. Trabalhos em Linguística Aplicada, Campinas, SP, v. 63, n. 1, p. 164–181, 2024. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/tla/article/view/8673030. Acesso em: 30 jun. 2024.

Resumo

Neste trabalho, definimos a competência argumentativa como os procedimentos que os interlocutores efetivamente adotam para definir conjunta e reflexivamente a situação em que estão inseridos como argumentativa. Em nossa reflexão sobre essa noção de competência argumentativa, convergimos os estudos sobre a noção de competência interacional e sobre uma noção dialogal de argumentação. Com base nesse arcabouço teórico, sustentamos que o desenvolvimento por estudantes de uma competência argumentativa ocorre por meio de sua análise de interações argumentativas efetivas e de sua participação em interações em que se sustentam e se defendem pontos de vista em oposição. Na parte empírica do trabalho, analisamos um debate promovido pela Secretaria de Educação do Estado de São Paulo em que seis estudantes debatem o tema do bullying nas escolas. Na análise, foi possível verificar que o que faz com que os recursos verbais e não-verbais que as/os estudantes utilizaram ganhem um valor argumentativo não é algum atributo semântico ou retórico inerente a esses recursos, mas antes seu uso pelos interlocutores, que os avaliaram como adequados para argumentar e, assim, constituir a situação como argumentativa.

PDF

Referências

AMOSSY, R. (2006). L’argumentation dans le discours. Paris: Armand Colin.

ANSCOMBRE, J. C.; DUCROT, O. (1983). L’argumentation dans la langue. Liège: Pierre Mardaga.

AZEVEDO, I. C. M. (2019). Confluencias y distinciones entre las nociones de capacidad y competencia argumentativas. In: Vitale, M. A. et al. (orgs.), Estudios sobre discurso y argumentación. Coimbra: Grácio Editor, p. 167-193.

AZEVEDO, I. C. M.; SANTOS, E. S. (2018). Desenvolver a competência argumentati-va na escola: um desafio para o professor de língua portuguesa. In: Azevedo, I. C. M.; Piris, E. (orgs.), Discurso e Argumentação: fotografias interdisciplinares. Coimbra: Grácio Editor, v. II, p. 63-80.

BANGE, P. (1992). Analyse conversationnelle et théorie de l’action. Paris: Hatier.

BRASIL. (2009). Ministério da Educação. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP). Matriz de Referência para o ENEM 2009. Brasília, Distrito Federal.

BURGER, M. (1999). Identités de status, identités de role. Cahiers de linguistique française. v. 21, p. 35-59.

BURGER, M. (2004). La gestion des activités: pratiques sociales, roles interactionnels et actes de discours. Cahiers de linguistique française. v. 26, p. 177-196.

CHOMSKY, N. (1977). Reflexões sobre a linguagem. Lisboa: Edições 70.

COSTA, S. R. (2012). Dicionário de gêneros textuais. Belo Horizonte: Autêntica.

CUNHA, G. X. (2017). O papel dos conectores na co-construção de imagens identitá-rias: o uso do mas em debates eleitorais. ALFA. v. 61, p. 599-623.

CUNHA, G. X. (2019). Estratégias de impolidez como propriedades definidoras de interações polêmicas. Delta. v. 35, n. 2, p. 1-28.

CUNHA, G. X. (2020). Elementos para uma abordagem interacionista das relações de discurso. Linguística. v. 36, p. 107-129.

CUNHA, G. X. (2021a). O processo de negociação e o alcance da completude monoló-gica em debate eleitoral. Trabalhos em Linguística Aplicada. v. 60, p. 155-170.

CUNHA, G. X. (2021b). Para uma caracterização formal e funcional da troca subordi-nada de clarificação. DIACRITICA. v. 35, p. 207-228.

CUNHA, G. X. (2022). A reformulação em uma perspectiva interacionista para o estudo das relações de discurso. Cadernos de Estudos Linguísticos. v. 64, p. 1-18.

CUNHA, G. X.; ZOGMAL, M. (2023). Co-énonciation et mise en circulations des savoirs dans des contextes de travail. Tranel, v. 78, p. 57-77.

DAMASCENO-MORAIS, R. (2020). Dialogando com a perspectiva dialogal da argumentação. In: Piris, E.; Rodrigues, M. G. S. (orgs.), Estudos sobre argumentação no Brasil hoje: modelos teóricos e analíticos. Natal: EDUFRN, p. 143-169.

DAMASCENO-MORAIS, R. (2021). Coalizão argumentativa em práticas discursivas jurídicas. Acta Scientiarum. v. 43, p. 1-12.

DOLZ, J.; SCHNEUWLY, B.; DE PIETRO, J. F. (2004). Relato da elaboração de uma sequência: o debate público. In: Schneuwly, B. et al. Gêneros orais e escritos na escola. Campinas: Mercado de Letras, p. 19-34.

DREW, P. (2005). Conversation analysis. In: Fitch, K. L.; Sanders, R. E. (eds.), Hand-book of language and social interaction. London: Lawrence Erlbaum Associates, p. 71-102.

DREW, P.; HERITAGE, J. (eds.). (1992). Talk at work: interaction in institutional set-tings. Cambridge: Cambridge University Press.

FILLIETTAZ L. (2000). Actions, activités et discours. Tese de Doutorado em Linguísti-ca. Faculdade de Letras, Université de Genève, Genebra.

FILLIETTAZ, L. (2018). Interactions verbales et recherche em éducation: príncipes, méthodes et outils d’analyse. Genève: Section des sciences de l’éducation.

FILLIETTAZ L. (2019a). La compétence interactionnelle: un instrument de développe-ment pour penser la formation des adultes. Education permanente. v. 220/221, p. 185-194.

FILLIETTAZ, L. (2019b). Reconfigurer les ingrédients de l’alternance dans et par les pratiques locales de l’interaction. In : Zaouani-Denoux, S.; Mazalon, E. (éds.), La formation en alternance: diversité des dispositifs, perspectives des usagers et complexité des approches. Paris: L’Harmattan, p. 117-134.

FILLIETTAZ, L. ; de SAINT-GEORGES, I. ; DUC, B. (2008). Vos mains sont intelligentes ! Interactions en formation professionnelle initiale. Genebra : Université de Genève, Faculté de psychologie et des sciences de l'éducation.

FILLIETTAZ, L.; LAMBERT, P. (2019). La formation professionnelle, un point aveu-gle de la linguistique sociale? Langage et société. v. 168, p. 15-47.

FILLIETTAZ, L.; ZOGMAL, M. (éds.). (2020). Mobiliser et développer des compétences interactionnelles en situation de travail éducatif. Toulouse : Octarès Éditions.

FILLIETTAZ, L.; BIMONTE, A.; KOLEÏ, G.; NGUYEN, A.; ROUX-MERMOUD, A.; ROYER, S.; TREBERT, D.; TRESS, C.; ZOGMAL, M. (2021). Interactions verbales et formation des adultes. Savoirs. v. 56, n. 2, p. 11-51.

GARFINKEL, H. (1967). Studies in Ethnomethodology. Oxford: Polity Press.

GOFFMAN, E. (1981). Footing. In: Goffman, E. Forms of talk. Philadelphia: Universi-ty of Pennsylvania Press, p. 124-159.

GOODWIN, C. (2018). Co-operative action. Cambridge: Cambridge University Press.

HERITAGE, J. (2002). The limits of questioning: negative interrogatives and hostile question content. Journal of pragmatics. v. 34, p. 1427-1446.

HERITAGE, J. (2013). Epistemics in conversation. In: SIDNELL, J.; STIVERS, T. (eds.). The Handbook of Conversation Analysis. Chichester: Blackwell Publishing, p. 370-394.

HILGERT, J. G. (2003). A colaboração do ouvinte na construção do enunciado do fa-lante: um caso de interação intraturno. In: Preti, D. (org.), Interação na fala e na escrita. São Paulo: Humanitas, p. 89-124.

HYMES, D. (1972). On communicative competence. In: Pride, J. B.; Holmes, J. (eds.), Sociolinguistics. London: Penguin, p. 269-293.

JACQUIN, J. (2014). Débattre: l’argumentation et l’identité au coeur d’une pratique verbale. Bruxelles: De Boeck Duculot.

JACQUIN, J. (2015). S’opposer à autrui en situation de co-présence: la multimodalité de la désgnation contre-argumentative. Semen. v. 39, p. 2-13.

JEANNERET, T. (1995). Interaction, co-énonciation et tours de parole. Cahiers de l'ILSL. v. 6, p. 137-157.

JEANNERET, T. (1999). La coénonciation en français. Approches discursive, conversationnelle et syntaxique. Berne: Peter Lang.

KERBRAT-ORECCHIONI, C. (1990). Les interactions verbales, v. 1. Paris : Armand Colin.

KERBRAT-ORECCHIONI, C. (2016). Le désaccord, réaction « non préférée » ? Le cas des débats présidentiels. Cahiers de praxématique. v. 67, p. 1-20.

KERBRAT-ORECCHIONI, C. (2017). Les débats de l’entre-deux-tours des élections présidentielles françaises: constantes et évolutions d’un genre. Paris: L’Harmattan.

KERBRAT-ORECCHIONI, C.; PLANTIN, C. (éds.). (1995). Le trilogue. Lyon: Pres-ses Universitaires de Lyon.

MARCUSCHI, L. A. (2006). Hesitação. In: Jubran, C. C. A. S.; Koch, I. G. V. (orgs.), Gramática do português culto falado no Brasil: construção do texto falado, v. I, p. 48-70.

MOESCHLER, J. (1985). Argumentation et conversation: éléments pour une analyse pragmatique du discours. Paris: Hatier-Credif.

MONDADA, L. (1999). L’organisation séquentielle des ressources linguistiques dans l’élaboration collective des descriptions. Langage et société. v. 89, p. 9-36.

MONDADA, L. (2006). La compétence comme dimension située et contingente, localement évaluée par les participants. Bulletin suisse de linguistique appliquée. n. 84, p. 83-119.

MONDADA, L. (2019). Contemporary issues in conversation analysis: Embodiment and materiality, multimodality and multisensoriality in social interaction. Journal of Pragmatics. v. 145, p. 47-62.

MORATO, E. (2008). Da noção de competência no campo da Linguística. In: Signorini, I. (org.), Situar a língua[gem]. São Paulo: Parábola, p. 39-66.

OCHS, E.; SCHEGLOFF, E.; THOMPSON, S. (eds.). (1996). Interaction and gram-mar. Cambridge: Cambridge University Press.

OLOFF, F. (2018). L’hetero-repetition comme validation des completions collaboratives Analyse sequentielle et multimodale de sequences de co-construction. In: Richard, E. (ed.), Des organisations «dynamiques» de l’oral. Bern: Peter Lang, p. 267-285.

PEKAREK DOEHLER, S. (2006). Compétence et langage en action. Bulletin suisse de linguistique appliquée. v. 84, p. 09-45.

PERELMAN, C.; OLBRECHTS-TYTECA, L. (2005). Tratado da argumentação: a nova retórica. São Paulo: Martins Fontes.

PIRES, A. P. (2012). Amostragem e pesquisa qualitativa: ensaio teórico e metodológico. In: POUPART, J. et al. (orgs.). A pesquisa qualitativa: enfoques epistemológicos e metodológicos. Trad. Ana Cristina Arantes Nasser. Petrópolis: Vozes. p. 154-211.

PLANTIN, C. (1991). Question – Argumentation – Réponses. In: Kerbrat-Orecchioni, C. (org.), La question. Lyon: Presses Universitaires de Lyon, p. 63-86.

PLANTIN, C. (1995). Fonctions du tiers dans l’interaction argumentative. In: Kerbrat-Orecchioni, C.; Plantin, C. (éds.), Le trilogue. Lyon: Presses Universitaires de Lyon, p. 108-133.

PLANTIN, C. (1996). Le trilogue argumentatif. Présentation de modèle, analyse de cas. Langue française. v. 112, p. 9-30.

PLANTIN, C. (2003). Ad quientem, o el rechazo del debate. In: Mari, H.; Machado, I.; Mello, R. (orgs.), Análise do discurso em perspectivas. Belo Horizonte: FALE/UFMG, p. 351-388.

PLANTIN, C. (2008a). A argumentação: história, teorias, perspectivas. São Paulo: Pará-bola.

PLANTIN, C. (2008b). A argumentação biface. In: Lara, G.; Machado, I.; Emediato, W. (orgs.), Análises do discurso hoje. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, v. II, p. 13-26.

PLANTIN, C. (2016). Dictionnaire de l’argumentation. Une introduction aux études d’argumentation. Lyon : ENS Éditions.

RAYMOND, G.; HERITAGE, J. (2006). The epistemics of social relations: owning grandchildren. Language in Society, v, 35, p. 677-705.

ROSSARI, C. (1993). Les opérations de reformulation: analyse du processus et des marques dans une perspective contrastive français-italien. Berne: Lang.

ROSSARI, C. (2000). Connecteurs et relations de discours: des liens entre cognition et signification. Nancy: Presses universitaires de Nancy.

ROULET, E.; FILLIETTAZ, L.; GROBET, A. (2001). Un modèle et un instrument d'analyse de l'organisation du discours. Berne: Peter Lang.

SACKS, H.; SCHEGLOFF, E.; JEFFERSON, G. (1974). A simplest systematics for the organization of turn-taking in conversation, Language. v. 50, p. 696-735.

SCHEGLOFF, E. (2007). Sequence organization in interaction: a primer in Conversation Analysis I. Cambridge: Cambridge University Press.

SCHNEUWLY, B. (2004). Gêneros e tipos de discurso: considerações psicológicas e ontogenéticas. In: Schneuwly, B. et al. Gêneros orais e escritos na escola. Campinas: Mercado de Letras, p. 19-34.

VION, R. (1992). La communication verbale: analyse des interactions. Paris: Hachette.

WATSON, R.; GASTALDO, E. (2015). Etnometodologia & Análise da Conversa. Pe-trópolis: Vozes; Rio de Janeiro: Editora PUC-Rio.

Creative Commons License
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.

Copyright (c) 2024 Gustavo Ximenes Cunha, Jairo Venício Carvalhais de Oliveira

Downloads

Não há dados estatísticos.