Resumo
O artigo discute a contraposição entre o conceito de sujeito da Psicanálise, constituído pela dimensão histórica do grande Outro e a noção de indivíduo psicológico enquadrado em um processo de massificação da informação regido pela maquinaria virtual do ensino remoto. Para isto, é resgatado o conceito freudiano de transferência, o conceito lacaniano de sujeito e as contribuições da interface entre Psicanálise e Educação de Kupfer e Patto. Este debate é percorrido também por meio de problematizações da precarização da rotina acadêmica brasileira e a naturalização da redenção supostamente trazida pelo ensino remoto. Por conta disso, finalizamos o debate apontando para o ensino remoto como um sintoma, na linha de uma forma de psicopatologia da vida cotidiana em uma conjuntura mais complexa de mal-estar da educação contemporânea.
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